Portugal obtém 1.000 milhões com juros negativos recorde

Tal como já era mais ou menos esperado, Portugal registou juros negativos recorde para levantar 1.000 milhões de euros em bilhetes do Tesouro a três e 11 meses.

Tal como já era mais ou menos esperado, Portugal registou juros negativos recorde para levantar 1.000 milhões de euros em bilhetes do Tesouro a três e 11 meses. Resultado dos dois leilões realizados esta quarta-feira confirma tendência de financiamento da República com juros abaixo de zero em 2017.

Em ambas as linhas, o IGCP obteve taxas negativas inferiores à do último leilão comparável. Na linha a três meses, o juro médio foi de -0,348% para o mercado absorver 250 milhões de euros — taxa compara com os -0,337% registados na operação de junho. Já na linha a 11 meses, onde Portugal levantou 750 milhões de euros, o juro baixou para -0,291% face aos -0,264% do leilão anterior.

Contas feitas, a agência que gere a dívida pública cumpriu o objetivo máximo a que se propunha: pretendia entre 750 e 1.000 milhões de euros neste duplo leilão e o resultado final situou-se no intervalo máximo. Ajudou neste desempenho a procura robusta dos investidores, situando-se 3,48 vezes e 2,45 vezes acima da oferta de bilhetes a três e 11 meses, respetivamente.

“A perceção de risco da dívida portuguesa continua a baixar, numa trajetória que vem já desde o início do ano. Hoje, voltámos a ter taxas em mínimos históricos e negativas em ambos os prazos. Na emissão de dívida a 11 meses notámos uma procura bastante forte. Apesar de hoje, pontualmente, as taxas no mercado estarem a subir, ainda que ligeiramente, no geral a tendência é de queda e os resultados dos leilões de hoje seguem essa tendência”, referiu João Queiroz, diretor da banca online do Banco Carregosa.

Portugal tem registado juros negativos desde o ano passado. E, em 2017, todos os leilões de curto prazo realizados pelo instituto que gere a dívida pública ao longo do ano observaram taxas negativas, o que significa que os investidores estão a pagar a Portugal para deter dívida que vence entre três e 12 meses.

Isto resultado não só da envolvente externa, em que o Banco Central Europeu (BCE) tem sido um dos protagonistas, mas também da envolvente interna, perante indicadores económicos favoráveis à melhoria do risco do país, como o défice a ficar abaixo da meta acordada com Bruxelas, a saída do Procedimento por Défice Excessivo ou o crescimento económico de 2,8% no primeiro e segundo trimestre deste ano, numa altura em que se perspetiva uma melhoria do rating de Portugal para um nível acima do que é considerado investimento especulativo.

No total do ano passado, o IGCP levantou mais de 16 mil milhões em títulos de curto prazo e pelos quais pagou uma taxa marginal de 0,02%. Quase zero. Este ano, valor deverá cair para terreno negativo.

"A perceção de risco da dívida portuguesa continua a baixar, numa trajetória que vem já desde o início do ano. Hoje, voltámos a ter taxas em mínimos históricos e negativas em ambos os prazos. Na emissão de dívida a 11 meses notámos uma procura bastante forte.”

João Queiroz

Diretor da banca online do Banco Carregosa

(notícia atualizada às 11h24)

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