Malparado toca mínimos. Fardo ainda é de 15 mil milhões

O total do crédito malparado caiu, em junho, para 15.449 milhões de euros. Trata-se do valor mais baixo desde o início de 2013. Empresas foram as que mais contribuíram para essa diminuição.

O bolo do crédito malparado atingiu em junho o patamar mas baixo em cerca de quatro anos e meio. Os bancos nacionais detinham cerca de 15,4 mil milhões de euros de crédito em incumprimento, segundo os dados do Banco de Portugal. Trata-se da fasquia mais baixa desde o início de 2013.

De acordo com dados do Banco de Portugal divulgados nesta terça-feira, o total do malparado existente em Portugal ascendia a 15.449 milhões de euros. Seria necessário recuar até janeiro de 2013, para ver um valor mais baixo do crédito em incumprimento o sistema financeiro português. A diminuição do bolo total surge no seguimento da diminuição do crédito malparado no segmento das empresas, já que nos particulares pelo contrário se observou um agravamento desse indicador.

No caso das empresas, o total do malparado encolheu para 10.618 milhões de euros. Ou seja, para o patamar mais baixo desde janeiro de 2013, período em que existia um total de 10.618 milhões de euros de empréstimos com essa finalidade em situação de incumprimento. Em sentido contrário evoluiu o segmento dos particulares, onde o crédito malparado voltou a subir em junho para se fixar na fasquia mais elevada desde outubro do ano passado. No final do primeiro semestre era responsável por um total de 4.831 milhões de euros de empréstimos em incumprimento.

Crédito com outros fins agrava incumprimento nos particulares

No que respeita ao segmento das famílias a subida do malparado adveio do agravamento dos montantes do incumprimento na finalidade de outros empréstimos, que ascenderam no final de junho último aos 2.028 milhões de euros. Ou seja, a fasquia mais elevada pelo menos desde o final do ano de 1997, período a que remonta o histórico comparável do Banco de Portugal. Este valor representa cerca de metade do malparado existente no segmento das famílias, e tem vindo a apresentar uma tendência sempre crescente.

Nesta categoria de empréstimos cabem, por exemplo, a consolidação de créditos (créditos que resultam da junção de vários empréstimos cujos titulares tinham dificuldades em cumprir com os compromissos financeiros num único, com taxas mais baixas e prazos mais dilatados), mas também empréstimos para energias renováveis ou educação.

Este segmento é, aliás, o único responsável pela subida do incumprimento entre os particulares, já que nas restantes categorias — crédito à habitação e ao consumo — até se observou uma quebra dos montantes em incumprimento.

No caso da habitação, o malparado ascendia a 2.101 milhões de euros no final de junho. Ou seja, o valor mais baixo desde dezembro de 2011. Por sua vez, no caso do crédito ao consumo, o bolo total totalizava 702 milhões, tratando-se do menor montante desde agosto de 2008.

Apesar da quebra global do crédito malparado, e em especial nas empresas, os mais de 15 mil milhões de euros em situação de incumprimento ainda são um valor bastante elevado. Representa ainda mais de 8% do total do crédito concedido à economia. Foi precisamente com o objetivo de albergar o elevado valor do malparado que tem sido discutida em Portugal a criação de um mecanismo que permita albergar o malparado, libertando assim os bancos desse peso. No centro da preocupação está precisamente o malparado das empresas que, apesar da diminuição observada em junho, representam dois terços do total do malparado existente em Portugal.

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