Famílias portuguesas nunca pouparam tão pouco

Queda da taxa de poupança para mínimo histórico deve-se ao consumo das famílias, que aumentou ao dobro do ritmo de crescimento do rendimento disponível.

Os portugueses nunca pouparam tão pouco. A taxa de poupança das famílias situou-se em 3,8% do rendimento disponível no primeiro trimestre do ano, menos de 0,5 pontos percentuais que no trimestre anterior, de acordo com os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE). Uma evolução que é explicada sobretudo com o maior aumento do consumo do que dos rendimentos.

A taxa de poupança das famílias mede a parte do rendimento disponível que não é utilizado em consumo final, sendo calculada através do rácio entre a poupança bruta e o rendimento disponível das famílias.

Segundo o INE, “a taxa de poupança das famílias situou-se em 3,8% do rendimento disponível, menos de 0,5 p.p. que no trimestre anterior. (…) A redução da taxa de poupança resultou da variação mais intensa na despesa de consumo final que no rendimento disponível (taxas de variação de 1,0% e 0,5%, respetivamente)”.

Ou seja, o consumo aumentou ao dobro do ritmo de crescimento do rendimento disponível entre janeiro e março, baixando a taxa de poupança das famílias para o valor mais baixo desde o quarto trimestre de 1999, o primeiro trimestre para o qual há dados, mostram as Contas Nacionais Trimestrais publicadas pelo INE esta sexta-feira.

Taxa de poupança das famílias nunca esteve tão baixa.INE

Importa, ainda assim, sublinhar que a queda da taxa de poupança das famílias surge num contexto de forte esforço de desendividamento dos portugueses nos últimos anos.

Em abril, o montante de empréstimos dos privados junto da banca situava-se nos 116,4 mil milhões de euros, o valor mais baixo da década e que compara com o pico de 141,9 mil milhões registado em janeiro de 2011, uma evidência da desalavancagem das famílias durante o período da crise.

Em relação ao crescimento do rendimento disponível das famílias, o INE adianta que a evolução “resultou principalmente do aumento de 0,9% das remunerações recebidas, que mais do que compensou as reduções dos rendimentos líquidos de propriedade e do saldo das prestações sociais líquidas de contribuições”.

(Notícia atualizada às 12h33)

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