Depósitos recuam para novo mínimo histórico em abril

Os portugueses estão a investir cada vez menos em depósitos devido à remuneração muito baixa que oferecem. Em abril, aplicaram 4.839 milhões de euros, o valor mais baixo desde 2003.

Os portugueses olham cada vez menos para os depósitos a prazo como forma de rentabilizarem as suas poupanças. Dados do Banco de Portugal, indicam que, em abril, as novas aplicações em depósitos a prazo dos particulares recuaram para um novo mínimo histórico. A fraca atratividade da remuneração oferecida por estes produtos, a par da forte concorrência dos produtos do Estado que oferecem remunerações bastante superiores, justificam essa descida. O facto de abril ter coincidido com a Páscoa, um dos períodos do ano em que os portugueses mais gastam dinheiro, também poderá justificar essa quebra.

Os portugueses aplicaram um total de 4.839 milhões de euros em depósitos, o que corresponde ao nível mais baixo desde o início de 2003, ano a que remonta o histórico disponibilizado pela entidade liderada por Carlos Costa. Este valor corresponde a uma diminuição de 1.221 milhões de euros face ao total de novas aplicações em depósitos que se tinham registado no mês anterior. Ultrapassa ainda o mínimo histórico que já tinha sinalizado em novembro do ano passado.

Novos depósitos recuam para mínimos de 14 anos

Fonte: Banco de Portugal

Tudo isto acontece num contexto em que a remuneração oferecida pelos bancos nos depósitos apresenta uma tendência decrescente, encontrando-se em mínimos históricos. Apesar de, em abril, a taxa de juro oferecida pela banca nacional nas novas aplicações a prazo ter registado uma ligeira subida, para uma média de 0,32%, trata-se de um valor próximo da remuneração mais baixa de sempre oferecida em março: 0,31%. A baixa remuneração oferecida deve-se ao nível historicamente baixo da taxa de juro de referência da Zona Euro, que pressiona os indexantes, e do desinteresse dos próprios bancos em captar recursos. A sua prioridade agora é em conceder crédito.

Financiamento à economia custa a arrancar

Apesar de a prioridade ter passado a ser o financiamento à economia, os últimos dados do Banco de Portugal sobre a nova concessão não jogam em favor dessa realidade. Segundo os dados do Banco de Portugal, em abril, os bancos nacionais concederam um total de 2.867 milhões de euros em novos empréstimos aos particulares e empresas. Ou seja, abaixo dos 3.905 milhões que se tinham verificado em março, e o mais baixo desde fevereiro deste ano.

A quebra foi transversal aos dois segmentos. No caso do financiamento às empresas registou-se uma quebra de 679 milhões de euros, com a nova concessão a situar-se nos 1.912 milhões de euros. No caso dos particulares, registou-se uma diminuição do novo crédito nas finalidades de habitação, consumo e outros fins, com o valor total a ascender a 955 milhões, 359 milhões de euros abaixo do nível registado em março. O crédito à habitação continua a concentrar a maior parcela do novo financiamento aos particulares. Em abril foram concedidos 536 milhões de euros em novos empréstimos com essa finalidade, abaixo dos 760 que se tinham verificado em março. De salientar que os valores do novo crédito à habitação registados em março, tinham sido os mais elevados desde o início da crise financeira. Ou seja, desde o final de 2010.

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