Formação e competências são imperativos para o crescimento

Crescer é um imperativo da economia nacional. Para isso, dizem os empresários, é necessário apostar na formação e nas competências. Até porque a mão-de-obra começa a escassear.

O crescimento temporário não resolve os problemas estruturais da economia“. A frase é de Carlos Oliveira, presidente da InvestBraga, e foi proferida durante a sessão “O dilema do crescimento”, uma iniciativa da Associação Industrial do Minho e da Associação Missão Crescimento. Mas, para crescer, é preciso apostar na formação e nas competências, numa altura em que vários setores de atividade começam a queixar-se da falta de mão obra.

Numa altura em que os últimos dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) dão conta de um crescimento do PIB para os três primeiros meses do ano de 2,8%, o tema do crescimento ganha novos contornos.

Carlos Oliveira diz que “o modelo económico do país foi alterado” e foi isso que levou a que, desde 2011, as exportações tivessem crescido cerca de 6/7 pontos percentuais. O presidente da InvestBraga salientou ainda durante a sua intervenção que não existem setores tradicionais e de alta e baixa tecnologia. “O que existem são setores inovadores”, afirma.

Ainda a propósito do aumento das exportações registado em Braga, e que fez com que o concelho esteja no top ten das exportações nacionais, Carlos Oliveira acrescenta: “Este top ten será rapidamente ultrapassado”.

Para Carlos Oliveira, “todo o crescimento da Delphi e da Bosch está alicerçado em conhecimento e são as empresas e os empresários que tornam relevantes as dinâmicas de crescimento”.

De resto, a ideia do papel central do crescimento económico estar dependente dos agentes privados vem desembocar na ideia defendida por Jorge Marrão, presidente da Associação Missão Crescimento. Marrão defende que o problema do crescimento é do “regime político” e dos dogmas que foram criados ao longo dos anos.

Para Jorge Marrão, as políticas públicas são sempre muito paternalistas, mas o que devem fazer é “criar condições, ou melhor, fazer o terreno para os empresários. Alguém há de sobreviver”.

"As empresas têm uma forma de serem escrutinadas, a falência. Quem é incompetente tem que sair.”

Jorge Marrão

Presidente da Associação Missão Crescimento

De resto, Marrão defende que “as empresas têm uma forma de serem escrutinadas: a falência. Quem é incompetente tem que sair”.

Tempo da mão-de-obra barata acabou

E aos empresários, o que os assusta e preocupa verdadeiramente? António Carlos Rodrigues, presidente executivo da construtora Casais e representante da Ordem dos Engenheiros do Minho, deu a sua visão. O problema, afirma, passa pela formação e pelas competências.

A Casais, que curiosamente completa esta terça-feira 59 anos de vida, diz que “falta mão-de-obra em Portugal”.

Para António Rodrigues “a construção e a engenharia civil estão condenadas a aumentar a produtividade porque deixamos de ser mão-de-obra barata. Aliás, agora já nem mão- de-obra temos”.

O problema, diz o homem forte da Casais, resolve-se através da “importação e integração de mão-de-obra”. E como exemplo dá o caso alemão: “Sabem integrar muito bem a mão-de-obra que vão buscar fora”.

Para António Rodrigues, “no nosso caso temos a lusofonia e portanto só temos que trabalhar a parte profissional porque a língua não é um problema”. Ainda assim, deixa alguns avisos aos aspetos burocráticos que é preciso resolver para que esta solução possa ser incrementada.

A Casais, de resto, criou há uns anos o passaporte das competências com o objetivo de saber exatamente o que cada um dos seus trabalhadores faz. Mas António Rodrigues diz que isto “devia ser uma competência do Estado”. “O mercado continua ainda hoje a ser muito desregulado”, assegura.

“Não podemos subir salários a qualquer um, devia haver um reconhecimento de competências e não devia ser eu a ter que criar o meu próprio sistema”.

A falta de mão-de-obra qualificada não é um problema apenas do setor da construção. Outros setores de atividade, nomeadamente a metalomecânica, têm vindo a queixar-se do mesmo.

Para Rui Martinho, bastonário da Ordem dos Economistas, o problema resolve-se através do ensino profissionalizante. “Algo que existiu em Portugal e que a Câmara de Comércio Luso-Alemã efetivou nos anos 90 com sucesso”.

Rui Martinho defende que este é um sistema que existe em países como a Alemanha e a Áustria e que, em Portugal, é mais do que necessário”. Até porque, acrescenta: “Não aproveitar esses jovens é um erro”. De resto, o erro estende-se também a cursos universitários que “não se adequam ao mercado de trabalho e que não têm empregabilidade sequer no mercado europeu”.

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