Ataque do Daesh em Paris condiciona eventos das eleições

O ataque desta quinta-feira reivindicado pelo Daesh veio trazer mais instabilidade em França. A maior parte dos candidatos cancelou os eventos do seu último dia de campanha.

Os principais candidatos às eleições presidenciais francesas cancelaram os seus eventos de campanha por causa do tiroteio reivindicado pelo Daesh. Segundo a Bloomberg, o republicano Francois Fillon, a candidata da Frente Nacional, Marine Le Pen, o independente Emmanuel Macron e o socialista Benoit Hamon cancelaram as iniciativas de campanha que tinham marcadas para esta sexta-feira. Este domingo ocorre a primeira volta das eleições em França.

No sábado não são permitidos atos de campanha uma vez que decorre o dia da reflexão. Os candidatos tinham, por isso, esta sexta-feira, a última oportunidade para se dirigirem aos eleitores de forma direta até ao decisivo voto de domingo. Contudo, os principais candidatos decidiram não o fazer, exceto o candidato comunista. Jean-Luc Melenchon decidiu manter o seu plano para não ceder ao “pânico”.

O compósito de sondagens da Bloomberg mostra Emmanuel Macron com uma curta vantagem perante Marine Le Pen, na primeira volta. Fillon está acima de Mélenchon, mas por pouco. Além disso, os quatro candidatos têm votações entre os 18% e os 24% pelo que as margens de erro e a imprevisibilidade recente das sondagens a nível internacional podem levar a resultados mais surpreendentes. E também este ataque, a três dias das eleições, pode influenciar o resultado.

Um homem matou esta quinta-feira um polícia e feriu gravemente outros dois, a tiro, e foi depois abatido, nos Campos Elísios, no centro de Paris. O ataque ocorreu pelas 21h00 locais, menos uma hora em Lisboa. A reivindicação do Daesh surgiu num comunicado divulgado pelo órgão de propaganda do EI, a Amaq. “O autor do ataque nos Campos Elísios, no centro de Paris, é Abu Yussef, ‘o Belga’, e é um dos combatentes do Estado Islâmico”, relatou a Amaq.

Perante as notícias do ataque, Marine Le Pen voltou a defender um controlo mais apertado das fronteiras, pondo em causa Schengen, e forçar a repressão do radicalismo islâmico. Já Macron criticou o plano da candidata da Frente Nacional e defendeu a criação de uma força antiterrorista centralizada. Francois Fillon prefere uma maior cooperação com o Irão e a Rússia. O candidato comunista, Jean-Luc Melenchon, disse que a França deve continuar a mostrar que não cede perante a violência.

Citado pela Bloomberg, o professor de ciência política, Dominique Reynie, considerou que estas eleições “está incrivelmente apertada”, referindo-se aos resultados das sondagens. “Aconteça o que acontecer estamos perante uma profunda mudança política“, acrescentou.

O holandês Cas Mudde, cientista político especialista em populismo, considerou no Twitter que este ataque beneficiava Le Pen, engrossando o seu discurso anti-islâmico. Mudde questionou ainda qual a utilidade do estado de emergência francês imposto pelo Governo desde novembro de 2015.

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