Seguros da dívida do Novo Banco disparam com oferta de troca

Depois dos juros das obrigações terem acelerado com receios de perdas para os investidores no âmbito da troca exigida para a venda ao Lone Star, agora são os seguros da dívida a dispararem.

O Novo Banco vai ser vendido ao Lone Star. A operação foi anunciada, mas para ser concluída é preciso, primeiro, que haja uma poupança de 500 milhões de euros com a dívida do banco. Essa poupança deverá ser obtida com uma troca de dívida voluntária, mas que pode levar os investidores a perderem dinheiro. O reflexo disso é a subida dos juros da dívida da instituição, mas também dos credit default swaps (CDS), os seguros dessa dívida.

O custo de segurar dívida sénior do Novo Banco durante cinco anos regista um agravamento de 23%, de acordo com dados da CMA, citados pela Bloomberg. Ao nível a que os CDS estão a ser transacionados no mercado, a probabilidade implícita de incumprimento na dívida do banco liderado por António Ramalho é de 42%.

Esta elevada probabilidade de incumprimento traduz os receios dos investidores em torno da proposta de troca de dívida sénior do banco, fator essencial para que o negócio de venda da instituição ao fundo norte-americano seja efetivada. Esses receios levaram recentemente os títulos de dívida do Novo Banco a afundarem, com a taxa das obrigações a passar dos 17%.

“Um evento de crédito [incumprimento] é um tema que novamente em cima da mesa”, diz Jochen Felsenheimer, diretor da XAIA Investment, à Bloomberg. Este já foi um tema quando em 2015 o Banco de Portugal determinou a passagem de dívida sénior do Novo Banco para o banco mau, o BES, ditando perdas avultadas aos investidores. À data, não foi determinado evento de crédito pela ISDA, pelo que os CDS não puderam ser ativados.

“Mais uma vez, estamos a ter a mesma discussão sobre se os CDS podem realmente proteger os investidores contra perdas ou se há sempre uma forma de dar a volta”, refere Felsenheimer. Esta proposta de troca é voluntária. Esse fator pode evitar que os CDS sejam acionados, mesmo que tal como as agência de rating têm alertado, haja perdas para os investidores em dívida de maior qualidade.

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