Prestação da casa cai… mas pouco

Encargos mensais com o crédito à habitação reduzem-se entre 0,2% e 1,4% no próximo mês. Empréstimos com indexantes de prazos mais alargados continuam a ser os mais beneficiados.

Com a entrada num novo mês à vista, muitos portugueses preparam-se para assistir a uma revisão do valor da prestação da casa. E as notícias voltam a ser boas. Quem vir revista a taxa de juro do empréstimo da casa no próximo mês volta a sentir um alívio dos encargos. O corte oscila entre um mínimo de 0,2% e um máximo de 1,4%, descidas que refletem a cada vez mais escassa margem para a descida dos juros.

Na revisão de abril, e à semelhança do que tem vindo a acontecer, quanto mais alargado for o prazo do indexante associado ao empréstimo, maior será o benefício. É o que acontecerá no caso dos agregados cujos empréstimos da casa estão associados à Euribor a 12 meses, já que só agora vão tirar partido da descida do indexante registada ao longo do último ano.

Assumindo o cenário de um crédito no valor de 100 mil euros, a 30 anos, e com um spread de 1%, resulta numa poupança mensal de 4,48 euros, com a prestação a baixar para 316,61 euros mensais. O número de famílias que irá tirar partido dessa redução será contudo baixo, já que a Euribor a 12 meses ainda tem pouca expressão no total do crédito à habitação, apesar de a generalidade dos bancos já a estarem a privilegiar na concessão de novos empréstimos.

No caso das famílias cujos créditos usam como referência a Euribor a seis meses, o valor da prestação encolhe 0,6%, com esta a situar-se nos 310,69 euros. Ou seja, menos 1,89 euros face ao valor da prestação em vigor desde outubro do ano passado. Já os empréstimos que seguem a evolução da Euribor a três meses, apresentam a redução mais curta. Esta será de apenas 58 cêntimos por mês, com os encargos mensais a baixarem para os 306,75 euros (menos 0,2% face à anterior revisão) ao longo dos próximos três meses.

Juros negativos até março de 2019

Em qualquer dos três casos, o valor da prestação fixada a partir do próximo mês é o mais baixo de sempre. Algo que resulta do nível historicamente baixo da taxa de juro de referência do Banco Central Europeu, que se encontra fixada em 0% há precisamente um ano, e que arrastou os indexantes utilizados nos créditos à habitação de taxa variável para terreno negativo, nível em que ainda se mantêm.

Contudo, qualquer dos indexantes já apresenta uma tendência de estabilização, perante a crescente expectativa em relação a uma inversão dos juros de referência na Europa. Por um lado, a economia europeia começa a dar sinais positivos. Por outro, o rumo da política monetária do outro lado do Atlântico também reforça essa possibilidade, isto depois de neste mês e março a Reserva Federal dos EUA ter avançado com a segunda subida de juros desde novembro do ano passado.

Perspetivas para o rumo da Euribor

Fonte: Bloomberg

O mercado antecipa que, mais cedo ou mais tarde, o rumo na Europa terá de ser semelhante. A evolução dos futuros para as taxas Euribor atesta precisamente essa expectativa. Se ainda até há poucos meses, estes indicadores apontavam para que só em 2021 a Euribor a três meses entrasse em terreno positivo, a realidade hoje é muito diferente.

O mercado aponta para os juros se mantenham em terreno negativo apenas até março de 2019, para a partir daí registarem incrementos. A boa notícia é de que os futuros também apontam para que a subida seja muito gradual, colocando a Euribor a três meses nos 0,5% apenas em meados de 2021.

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