Holanda: Ações sobem e os juros da dívida caem

As ações europeias estão em máximos de 15 meses e os juros da dívida aliviam (em Portugal não). É o espelho do resultado eleitoral na Holanda e da reunião da Fed.

Foi uma quarta-feira que terminou bem, e cujos efeitos se sentem hoje nos mercados financeiros. As principais bolsas mundiais conhecem ganhos nesta sessão, avanços que se alastraram também às praças bolsistas do Velho Continente, com as ações europeias a negociarem em máximos de 15 meses, ao mesmo tempo que os juros da dívida soberana aliviam para a maioria dos países. Tudo graças à Fed e à Holanda.

A subida dos juros pela Reserva Federal (Fed) dos EUA sem que, no entanto, tenha sido mexido o ritmo previsível para futuros incrementos das taxas na maior economia do mundo, e a vitória do partido no poder das eleições legislativas, com os eleitores a virarem costas ao populismo, funcionou como um bálsamo para os investidores que melhoraram o seu sentimento relativamente ao mercado europeu.

Ações Europeias em máximos de 15 meses

Fonte: Bloomberg

“O voto holandês foi considerado um teste decisivo para as eleições ao longo do resto da Europa”, escreveu Kathleen Brooks, diretora de investimentos da City Index numa nota enviada a clientes, antecipando que “a expectativa é de que os franceses irão fazer o mesmo que os holandeses e rejeitar os seus próprios candidatos da extrema-direita”. Apesar de perder mandatos face ao resultado eleitoral alcançado em 2012, o partido do primeiro-ministro Mark Rutte venceu as legislativas desta quarta-feira com uma margem folgada, derrotando assim o Partido da Liberdade, liderado pelo populista Geert Wilders.

Apesar de perder mandatos relativamente às eleições de 2012, o partido do primeiro-ministro Mark Rutte venceu as legislativas de ontem com margem folgada, derrotando assim o anti-União Europeia Partido da Liberdade, liderado pelo populista Geert Wilders.

É perante este cenário que o Stoxx Europe 600 — índice que agrega as 600 principais capitalizações europeias — acelera 0,7%, para os 377,74 pontos, atingindo assim a fasquia mais elevada dos últimos 15 meses. O índice está a ser apoiado pelo desempenho dos setores mais ligados precisamente ao crescimento económico. Uma subida em linha com a aceleração registada pelo índice bolsista de referência holandês — o AEX — que valoriza 0,74%.

As praças europeias estão, contudo, também a reagir de forma positiva ao resultado da reunião da Fed que ditou mais uma subida dos juros — a terceira desde que a autoridade monetária liderada por Janet Yellen iniciou o processo de normalização de política monetária — mas, ao mesmo tempo, foi mantida a intenção de realizar apenas mais duas subidas das taxas em 2017. Esta decisão acabou por antecipar alguma instabilidade, o que agradou aos investidores europeus. “A Fed fez algo positivo ao sinalizar que vai subir os juros, mas sem destruir o mercado global de ações“, afirmou a esse propósito Norihiro Fujito, estratega de investimentos da Mitsubishi UFJ Morgan Stanley Securities, citado pela Bloomberg.

Juros soberanos europeus em queda. Mas os portugueses não

O sentimento positivo também inundou o mercado da dívida. Os juros soberanos europeus seguem com uma tendência generalizada de queda no mercado secundário. A dívida nacional é das poucas exceções. Os juros soberanos nacionais seguem em alta na generalidade das maturidades, sendo que no prazo a 10 anos estão a ser atingidos máximos de março de 2014. A yield nacional nesse prazo avança perto de 26 pontos base, para os 4,249%.

Uma evolução que contrasta face ao rumo dos juros soberanos dos restantes países periféricos, que aliviam na generalidade das maturidades. O mesmo sentimento é seguido pela dívida francesa, já que o resultado alcançado nas legislativas holandesas representa um sinal positivo para as eleições presidenciais que decorrem em França já no próximo mês. A vitória da candidata anti-euro, Marine Le Pen, parece estar agora mais distante. As apostas numa vitória da candidata de extrema-direita caíram em torno de um ponto percentual, para 29,3%, no seguimento do resultado holandês. Os juros soberanos europeus também estão a beneficiar do resultado da reunião da Fed.

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