Lacerda Machado era o preferido, Frasquilho foi o escolhido para a TAP

O Governo queria Diogo Lacerda Machado na presidência da TAP, mas o contexto político tornou a opção impossível. O novo chairman será Miguel Frasquilho e Lacerda Machado será vogal não executivo.

O Governo queria Diogo Lacerda Machado como chairman da TAP, o consórcio privado Atlantic Gateway também, mas o próximo presidente do conselho de administração será outro: Miguel Frasquilho vai ser o representante do Estado como chairman, enquanto o consultor do primeiro-ministro será vogal da TAP, apurou o ECO. Confrontado com esta informação, o Ministério tutelado por Pedro Marques confirmou apenas que “fez convites e só fará comentários quando a equipa estiver completa”.

A mudança de nomes resulta de uma impossibilidade política. Quando o ECO revelou a escolha de Lacerda Machado, as reações, em privado, foram suficientemente claras para o advogado “e melhor amigo” de António Costa, nas palavras do próprio, perceber que haveria um “ruído” e uma “gritaria política” impossíveis de gerir. Terá sido o próprio Lacerda Machado a tomar a iniciativa de dizer ao primeiro-ministro e aos privados que não haveria condições políticas para assumir o cargo e a rejeitar a possibilidade de um convite formal.

Aliás, o ECO confrontou o Ministério do Planeamento antes de publicar a notícia e a resposta foi lacónica: “Essas designações [do chairman e do CEO, Fernando Pinto] serão realizadas depois do closing do negócio”. E, depois da notícia, o Ministério não desmentiu a notícia, classificou-a de “especulação”. Este compasso de espera resultou precisamente da avaliação política desta opção.

O Governo seguiu, então, outro caminho. Em paralelo com a renegociação da dívida bancária, que já está nos detalhes finais, escolheu um gestor que ainda está à frente da Aicep. Um homem do PSD que, depois, ‘passou’ para o PS, isto é, conviveu de forma pacífica e até em cooperação com o novo governo e com o ministro que tutela a Aicep, Augusto Santos Silva. Aliás, na última entrevista que concedeu, à Antena 1 e Jornal de Negócios, faz diversos elogios à governação e, particularmente, a ministro das Finanças, Mário Centeno. “…os resultados na vertente orçamental são bastante positivos. E se é um resultado em que o Governo tem responsabilidade, evidentemente que o interlocutor mais direto é o ministro das Finanças”, respondeu, quando questionado sobre a posição política de Centeno depois do caso CGD.

Na mesma entrevista, Frasquilho não desvenda o seu futuro profissional pós-Aicep. “Não me vejo a regressar ao Parlamento nos próximos anos (…) gostaria que no meu futuro esta vertente empresarial continuasse bastante mais presente na minha vida”. A presidência do conselho de administração da TAP será um dos pontos de contacto com a vida empresarial.

A recomposição do conselho será feita logo que esteja concluído o processo de renegociação da venda da companhia. Neste momento, o Estado tem 39% da companhia e o consórcio Atlantic Gateway tem 61%, negócio fechado ainda no tempo do governo de Pedro Passos Coelho. Já com António Costa como primeiro-ministro, verificou-se uma renegociação dos termos desta parceria que resultou no reforço do capital do Estado até aos 50%, com um investimento de 1,9 milhões de euros. E, sobretudo, um novo acordo parassocial que define que é o Estado a nomear o presidente do Conselho de Administração da TAP SGPS, hoje liderado por Humberto Pedrosa, o sócio português do consórcio privado. O CEO é nomeado pelos privados e o conselho terá um número paritário de administradores, seis, indicados pelo Estado e pelos privados. Com um pormenor: o presidente do conselho tem voto de qualidade em caso de empate.

Diogo Lacerda Machado, que representou o Governo na renegociação com o consórcio privado e particularmente com David Neeleman, vai ser vogal do conselho de administração. Em privado, o gestor diz aos mais próximos que até poderia ser “operador de rampa” na TAP, tal é o seu envolvimento com a companhia, que vem de há anos.

O presidente executivo, Fernando Pinto, vai continuar por mais um mandato. David Neeleman chegou a fazer auscultações no mercado internacional para encontrar um substituto para o gestor brasileiro que já está na TAP há mais de uma década, mas o Estado deu ao acionista privado os sinais necessários de que queria a manutenção de Fernando Pinto à frente da companhia.

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