Sugo, este chão que pisa é feito de… cortiça

Startup fundada na Amorim Cork Ventures quer reinventar o uso da cortiça: uma designer e uma gestora de marketing criaram uma marca que faz tapetes com a produção do sobreiro.

A primeira vez que Susana Godinho, 40 anos, formada em Design Têxtil no CITEX, pensou em tapetes feitos de cortiça, a ideia não passava disso: de uma ideia, desenvolvida entre 2010 e 2012. No entanto, por limitações técnicas e financeiras e contratempos de produção, a ideia não se transformou. “Nessa altura procurou privilegiar matérias-primas naturais e diferentes e daí a introdução do material cortiça, mas sem sucesso”, conta Susana, em entrevista ao ECO.

Só que, perante a possibilidade de fazer da ideia prática, a designer não pensou duas vezes. Desenvolveu o projeto a tempo de o tornar elegível à 1ª call da Amorim Cork Ventures, em meados de 2014.

Na equipa estava também Sónia Andrade, 35 anos, marketeer e gestora, e com experiência em marketing online e em centros comerciais e de grande distribuição. O concurso da incubadora da Amorim, líder internacional do mercado, foi considerado por Susana Godinho uma ótima oportunidade para trabalhar em estreita parceria. “Este foi um passo estratégico ideal para conseguir lançar a primeira coleção de tapetes de cortiça tecidos por tecelagem“, conta.

Na génese da conceção do novo tapete havia a vontade de inovar na utilização de matérias-primas e de utilizar materiais ecológicos. Em termos de desenvolvimento da coleção, contam, o processo foi “longo”: primeiro, uma pesquisa sobre a tipologia de cortiça adequada para um produto com as características e requisitos de um tapete e, neste caso, também com a facilidade de ser cortada, sem perder resistência. “Ultrapassada esta questão, foram desenvolvidos inúmeros testes e experiências no tear. Durante este período foram feitas várias melhorias face ao que era o protótipo inicial, sobretudo aos níveis da performance e da durabilidade”, recordam as duas sócias.

A cortiça apareceu no topo das matérias-primas mais interessantes para o efeito, uma vez que traz consigo, além das questões de sustentabilidade, uma performance técnica muito interessante neste tipo de produto: isolamento, propriedades antialergénicas e facilidade de conjugação com outros materiais.

Susana Godinho

Designer e cofundadora da Sugo

A ideia de registarem a patente surgiu depois de um longo percurso no desenvolvimento da solução de cortiça e do processo de produção. “Considerámos que deveríamos submeter o registo de patente pelo desenvolvimento que houve de uma solução inovadora associada aos métodos tradicionais de tecelagem”, contam, ao ECO.

A Sugo Cork Rugs é assim a primeira coleção de tapetes de cortiça concebida segundo métodos tradicionais de tecelagem. Para isso, as duas empreendedoras desenvolveram uma solução de cortiça que cumprisse os requisitos de um ponto de vista técnico e visual. “A novidade da coleção surge também pela conjugação inédita num tapete de cortiça com lã nacional e com algodão recuperado de grandes produções industriais, dando origem a infinitas possibilidades em termos de visuais privilegiando o ecodesign”, esclarecem.

"Apesar de a cortiça ser a matéria-prima diferenciadora, lembramos que a novidade da coleção surge pela conjugação inédita num tapete deste material com lã nacional e com algodão recuperado de grandes produções industriais, uma combinação relevante na medida em que permite oferecer uma coleção versátil, com infinitas possibilidades em termos de visuais. ”

Susana Godinho

Sugo

Ambas a trabalhar a tempo inteiro na Sugo, a ideia das duas empreendedoras é que o projeto continue associado a uma “competitividade responsável e o bom desempenho social e ambiental” já que, além de estas características fazerem parte do posicionamento da marca, são fatores de medição do impacto da startup na sociedade. Para isso, a TD Cork obteve já a certificação internacional Pending BCorp, um movimento internacional em grande crescimento que avalia as empresas de acordo com a sua performance ambiental, social e económica.

 

Com um público-alvo essencialmente B2B, gabinetes de arquitetura e design e lojas da especialidade, o posicionamento da Sugo são produtos — tapetes — para os segmentos médio e médio alto. A evolução da empresa, a curto e médio prazo, passa por estar associada ao aumento de capacidade de produção e à oferta de novas coleções.

A coleção base, a primeira da marca, apresenta 13 modelos de tapetes, que vão desde design mais simples ao mais arrojado, “procurando ir ao encontro de gostos diversos, desde os mais tradicionais aos mais vanguardistas”, detalham. Em desenvolvimento, no entanto, estão já diversos tipos de pontos que podem ser conjugados, a que se junta a possibilidade de combinar diferentes materiais, como a cortiça, a lã e o algodão. Pretende-se assim possibilitar a criação de soluções à medida”, explicam.

Pensados para comercialização em mercados como os EUA, países nórdicos, Reino Unido e Ásia, o preço por metro quadrado de tapete de cortiça varia entre 220€ a 500€. Os tapetes personalizados têm o preço sob consulta, de acordo com os materiais selecionados, tamanho e tipo de textura.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Comentários ({{ total }})

Sugo, este chão que pisa é feito de… cortiça

Respostas a {{ screenParentAuthor }} ({{ totalReplies }})

{{ noCommentsLabel }}

Ainda ninguém comentou este artigo.

Promova a discussão dando a sua opinião