IGCP: Portugal “continuará no lixo mais 12 meses”

Portugal é "lixo" para as principais agências de notação financeira. E vai continuar a sê-lo nos próximos meses. "Uma mudança de 'rating' antes de 12 meses parece-me difícil", diz Cristina Casalinho.

Além da DBRS, mais nenhuma agência de notação financeira avalia a dívida portuguesa como investimento de qualidade. Portugal é “lixo” para as três grandes do setor, situação que o Governo acredita poderá mudar a breve trecho. Mas Cristina Casalinho, a presidente do IGCP, não acredita que isso aconteça. Prevê que só para o próximo ano o país possa sair de “lixo”.

A maneira como as decisões das agências são tomadas é que, primeiro, há um outlook positivo e depois só na avaliação seguinte é que pode haver uma melhoria do rating. Não me parece que nesta ronda tenhamos uma melhoria do outlook. Já tivemos este ano informação da Moody’s e da Fitch sem subidas, e não me parece que a S&P o vá fazer”, disse em entrevista ao Público (acesso pago).

É neste sentido que a presidente do IGCP antecipa que serão precisos “mais seis meses para a subida do outlook e, portanto, uma mudança de rating antes de 12 meses parece-me difícil“. Assim, será preciso esperar por 2018, na perspetiva de Cristina Casalinho, para que o país possa contar com uma classificação mais favorável que ditará juros mais baixos nos leilões de dívida.

A subida do rating por parte das três maiores agências, a Moody’s, Fitch e S&P, é aguardada com expectativa pelo Governo. Recentemente, Mário Centeno disse acreditar que seria possível a breve prazo contar com subidas de rating. No entanto, até agora nenhuma delas sinalizou que poderá fazê-lo a breve trecho.

“Para entrar em outros investidores internacionais, nós precisamos de trabalhar muito afincadamente na melhoria dos ratings da nossa economia e é o grande desafio que temos pela frente”, afirmou o ministro à Reuters. “Olhando para aquilo que é a análise temporal que as agências tipicamente fazem e para os números da economia portuguesa, estou muito esperançado, e trabalharemos nesse sentido, para que isso aconteça”.

Rating é chave para juros mais baixos

Portugal tem sido confrontado com taxas de juro cada vez mais elevadas nos mercados. Os juros a dez anos têm-se mantido acima dos 4%, uma taxa que, ainda assim, Cristina Casalinho considera “aceitável”. Para conseguir taxas mais baixas, será preciso que os ratings subam, sendo que para isso é preciso cumprir três requisitos, diz a presidente do IGCP.

“Há três aspetos em que os relatórios das agências coincidem: o nível global de endividamento da economia como um todo é elevado, a dívida externa é das mais altas do mundo — eles já nem distinguem se a dívida é pública ou privada, olham muito mais de uma forma abrangente. O segundo fator é o crescimento e o terceiro o setor bancário, nomeadamente por causa do aspeto das responsabilidades contingentes”, refere.

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