Preços na indústria aumentam pela primeira vez desde agosto de 2013

Os preços à saída de fábrica aumentaram em novembro 0,1% em termos homólogos, algo que não acontecia desde agosto de 2013. Estímulos do BCE começam a ser questionados.

Ao fim de quase três anos e meio, os preços à saída da fábrica aumentaram. De acordo com os dados do Eurostat, em novembro, na zona euro, os preços na produção industrial aumentaram 0,1% face ao mesmo mês de 2015, algo que não acontecia desde agosto de 2013. Em Portugal, o indicador aumentou 0,8% em termos homólogos e diminuiu 0,3% face a outubro.

O Eurostat justifica na sua nota que o aumento de 0,1% se deve ao aumento de 0,8% dos bens duradouros e de 0,7% dos não duradouros. Os dados do gabinete de estatística revelam ainda que os bens de capital aumentaram 0,5%, enquanto os bens intermédios subiram 0,1%. A única queda é registada ao nível do setor energético. Por isso, os preços na indústria, se excluída a energia, aumentaram 0,4%.

Já no conjunto dos 28 Estados-membros da União Europeia (UE), os preços na produção industrial subiram 0,7% em termos homólogos, à boleia dos preços da energia que subiram 1,5% e dos bens de capital que tiveram uma evolução de 0,9%. Numa análise em cadeia, os preços na indústria subiram 0,3%.

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Os preços na produção são um indicador das tendências dos preços nos consumidores, porque caso não sejam absorvidos pelos intermediários e retalhistas, as suas alterações traduzem-se diretamente nos preços finais dos bens e serviços para os consumidores.

Face a novembro de 2015, as maiores subidas no indicador observaram-se no Reino Unido (4,4%), na Bélgica (4,1%) e na Suécia (3,2%), enquanto as quebras mais representativas foram registadas no Luxemburgo (-6,5%), na Croácia (-2,7%), na Letónia e na Eslováquia (-2,6% cada).

Segundo o gabinete oficial de estatísticas da UE, face a outubro, o aumento dos preços foi de 0,3% na comparação com outubro. Numa análise por país, o maior aumento foi na Bélgica e Irlanda (1,4% cada), a Estónia (1,2%) e a Polónia (1,1%) foram os países onde os preços na produção industrial mais subiram, e a Croácia (-1,3%), a Grécia e o Reino Unido (-0,7% cada) os que registaram os maiores recuos.

O aumento dos preços industriais são boas notícias para o Banco Central Europeu que tem por objetivo uma inflação inferior, mas próximo dos 2%, uma meta a alcançar num horizonte de dois anos. Em dezembro o índice de preços no consumidor foi de 1,1% o mais elevado desde setembro de 2013, revelou o Eurostat esta quarta-feira. No entanto, para os investidores poderá ser sinónimo de uma retirada de estímulos por parte do banco central.

Certo é que a discussão está relançada sobre o grau apropriados dos estímulos monetários. Na Alemanha, onde o aumento de preços foi mais significativo, os economistas, nomeadamente o presidente do Ifo, Clemens Fuest, têm apelado ao fim das medidas de quantitative easing.

Os economistas ouvidos pelo The Wall Street Journal esperam que os preços venham a aumentar ainda mais rapidamente, nos primeiros meses de 2017, à medida que as quedas abruptas nos preços dos combustíveis vão desaparecendo das comparações homólogas. Contudo, o comportamento dos preços dos bens de consumo confirmou, contudo, que as tendências de inflação ainda não mudaram estruturalmente e continuam essencialmente alimentados pela volatilidade dos preços da energia.

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